Terapia cognitiva sexual infância e adolescência
A educação sexual começa, na verdade, lá na gestação com as expectativas e entendimento dos pais sobre “será um menino, ou menina?”, bem como sobre o que é esperado de cada papel de gênero. Menina: Quarto rosa, bonecas, lacinhos e fitas.
Menino: Quarto azul, carrinhos, competição, etc… E aí também as influências variam de acordo com cada cultura, etnia, sociedade, religião e contexto familiar. A sexualidade é uma construção que começa desde a infância, e educação sexual é sobre sexualidade saudável, mas afinal, o que é sexualidade saudável? E sexualidade na infância?
A primeira coisa que precisamos ter em mente é que o termo “sexualidade” é muito amplo, e o sexo é apenas um dos elementos que compõem a sexualidade. A saúde sexual é muito para além do que pensamos, também não é sobre gravidez precoce ou ficar livre de IST.
A saúde sexual é um estado de bem estar físico, emocional, mental e social. Quando falamos sobre educação sexual para infância e adolescência, não vamos falar de sexo, até porque, criança não faz sexo, e a Terapia Cognitiva Sexual tem a proposta de educar e prevenir isso.
Afinal, o que é a TCSexual para a infância e adolescência?
É uma abordagem que entende que a educação sexual deve começar na infância, e parte de uma postura positiva e respeitosa para acompanhar o desenvolvimento biopsicossexual da infância de modo que, quando chegar na adolescência e na vida adulta, o indivíduo tenha bem estabelecidos os fundamentos necessários para ter uma sexualidade saudável e equilibrada, segura e livre de coerção, discriminação e violência.
Para também ter acesso a direitos sexuais e reprodutivos, bem como saber lidar com pressões de grupos, com álcool e drogas, saber dizer não, saber se posicionar, ter autonomia, autodeterminação, autoconhecimento e autocuidado e higiene com o seu corpo e o corpo do outro.
Também envolve entender as consequências do acesso precoce a conteúdos inadequados e da pornografia, comportamentos de risco, aprender a discernir sobre relacionamentos saudáveis e não saudáveis, aprender sobre consentimento e negociação.
Saber o que gosta e o que não gosta, o que acha certo, normal, errado, a privacidade, a autodeterminação, o respeito com ela e com os pares, reconhecer os sinais não verbais, suas forças e valores, e quais fatores a deixam vulnerável ao abuso e todo tipo de violência.
É o aprender a construir e raciocinar, de forma crítica e baseada em evidências, longe da receitinha de bolo, regrinhas, livrinhos, porque cada criança se desenvolve dentro do seu próprio contexto familiar e cultural.
Tudo isso tendo, preferencialmente, uma rede de apoio e proteção, principalmente dos pais e/ou cuidadores, bem como da escola e de políticas públicas. As duas últimas, infelizmente, no Brasil ainda são muito incipientes.
A escola até tem propostas sobre educação sexual, mas na maioria das vezes trata de gravidez precoce e ITS. Não é uma educação aprofundada. E, quanto às políticas públicas, temos bons programas no SUS que dão direitos à criança e ao adolescente, mas tem ressalvas como, por exemplo, quando se trata de abuso, até os 14 anos é considerado abuso, a partir dos 15 já não é mais.
Mas quem é essa criança de 15 anos? É imatura? Recebeu orientações e educação sexual? Tinha uma rede de proteção? Aprendeu sobre consentimento e sabe reconhecer os sinais? Sabe se defender? Isso só para dar um pequeno exemplo.
Os desfechos negativos pela falta de educação sexual na infância
Sem essas orientações, a criança chega na adolescência insegura, solitária, com baixa autoestima, sem conhecimentos sobre o que é sexualidade saudável, sem saber se defender nem lidar com as emoções, medos, ansiedade, vergonha, mas principalmente vulneráveis à doenças sexualmente transmissíveis, gravidez prematura, discriminação e preconceitos e todos os tipos de abusos, agressões, violência e micro violências entre pares, e vulneráveis a comportamentos de risco.
Com a educação sexual baseada em evidências, o indivíduo constrói as bases sólidas desde a infância para se tornar um adulto que sabe tomar decisões assertivas que o levarão a ter uma vida sexual prazerosa e saudável.
E o que vemos na prática?
Falas como:
- Criança não namora!
- Fulano é perigoso!
- Se sentir que é abuso corra, grite!
- Não beba, não use drogas!
- Use camisinha!
- A primeira vez vai doer!
- Ele aprende sozinho!
- Com criança não é hora de falar de sexo!
As pesquisas mostram que grande parte dos pré adolescentes já viram pornografia por conta do fácil acesso, qua alías elas nem procuram,a pornografia vem até elas. É impossível proibir, a não ser que os pais sejam muito inocentes, pois hoje basta a criança ser alfabetizada e de alguma forma esses conteúdos chegam precocentemente.
Apesar dos pais morrerem de medo que os filhos tenham desfechos negativos na sexualidade, eles também têm medo de alguém conversar e influenciar de modo errado seus filhos quanto à sexualidade, e não saberem lidar porque não aprenderam, porque não existe manual nem educação sexual.
Existe preocupação, medo, vergonha, constrangimento, falta de diálogo e, consequentemente, acabam se distanciando dos filhos num momento em que deveriam estar ativos e assertivos nesse desenvolvimento psicossexual da infância.
Mas, na verdade, o que os pais desejam mesmo é que seus filhos tenham:
- Bons relacionamentos, que sejam respeitosos;
- Que tenham casamentos felizes, inclusive na esfera da sexualidade;
- Que sejam responsáveis.
Ninguém deseja que o filho seja abusado, ou que seja o abusador, tenha comportamentos de risco com álcool e drogas, sofra bullying e pressão dos grupos, pegue doenças sexualmente transmissíveis e AIDS, gestação na adolescência, tenha relacionamentos tóxicos entre outros…
A Terapia Cognitiva Sexual para infância e adolescência vem com a proposta de orientar os pais para que saibam lidar com a educação sexual infantil, sem atender diretamente as crianças, e entender como um desenvolvimento psicossexual saudável e uma infância protegida são as bases sólidas que vão prevenir futuros desfechos negativos, e determinar relacionamentos felizes, e isso depende muito mais desse contexto do que diretamente da criança.